"Chorar-miséria" contradiz totalmente o Mercado Automotivo Brasileiro

       Nas terras onde nasci e me criei, a expressão regional "chorar-miséria" define a atitude de economizar micharias, em que as desvantagens da coisa escolhida vão muito além da aparente economia financeira em detrimento de outrem.

       Em termos de economia, a população brasileira, em sua maioria absoluta, é mesmo peculiar: economizam fervorosamente centavos em certas coisas, mas desperdiçam ingenuamente milhares em outras.

       A exemplo, não há melhor comparação que a feita entre dois mercados bem distintos: o mercado de frutas e verduras com o mercado automotivo: ao mesmo tempo em que a população se esmiuça por centavos nas feiras brasileiras, pouco se importando com o já ínfimo "lucrinho" de quem sobrevive disso, pagam um dos piores custo x benefício do planeta nos veículos disponíveis no mercado, em especial os novos. Para exemplificar melhor, temos duas situações distintas, mas de tão comuns, é altamente provável que você que lê este texto irá perfeitamente se identificar:

 - Situação 1: Na Feira

   Ao comprar qualquer fruta ou verdura na feira, anda-se por todo o mercado atrás do menor preço. Em se tratando dos valores destes produtos, a economia na maioria das vezes não chega a 1 mísero Real. Pechincham centavos, centavos estes que são descontados já dos esmiuçados lucros de quem faz a venda, mas quanto a isso pouco se importam. Quando há troco, o mesmo também é conferido, não se admitindo a falta de quaisquer valores, sejam cinco ou cinquenta centavos. Gorjeta então, nem em sonho!

 - Situação 2: Na loja de carros

   Que os veículos vendidos no Brasil são uns dos mais caros do planeta muita gente já sabe. Caros no preço e principalmente em relação ao custo-benefício. Mas estes tipos de informações não tem sido suficientes para frear o consumo de veículos no País, principalmente em relação aos veículos novos, que batem recorde de vendas todos os anos. 

   A população brasileira continua pagando qualquer preço para poder ter um carro novo na garagem (isso quando têm a garagem...). E esse "qualquer preço" não se refere apenas aos valores estratosféricos praticados pelo mercado. Além do carro mais caro do mundo, inclua-se aí, em 70% dos casos, o financiamento com as taxas de juros mais altas do planeta. É o famoso "leve um, pague dois", onde, para essa gente, pouco importam os juros, e sim o valor das parcelas, ainda que quase sempre nos limites do orçamento doméstico. 

   Para quem conhece a fundo o Mercado Automotivo, sabe que o setor referente a financiamentos de veículos vai muito bem, obrigado, tão bem que se dão ao luxo de selecionar e recusar clientela. Sim, porque, por exemplo, quem tem R$ 10.000,00 em mão não vai querer comprar um veículo neste valor, e sim tentar financiar o objeto pretendido de início sem entrada, usando o valor para "entupir" o carro de som e rodas. Quando a entrada se torna imprescindível, considerando o mesmo valor, a opção seria usar esta quantia como o mínimo de entrada possível, o que atualmente gira em torno dos 30%, e não optar pela entrada maior em um veículo de menor custo, o que facilitariam prazos, parcelas, e até a própria aprovação. Isso quando o desespero por ter o pedido de financiamento aprovado não leva as pessoas à fraude, através da falsificação de documentos como comprovantes de renda. Os bancos fazem a festa com este comportamento social.

       Enfim, nossa população precisa repensar suas atitudes. Impossível não reprovar o comportamento de quem nega um mísero centavo de troco a um pobre feirante ou pedinte, enquanto são, tolamente, parte importante nos lucros recordes dos injustos sistemas bancário e automotivo. Reflita.

Brasileiros: espertos nas feiras de frutas, mas ingênuos no mercado automotivo

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Fonte: Coluna Mercado Automotivo http://colunamercadoautomotivo.blogspot.com.br/

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